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Trimestral | Nº 02 - 2016
Formação Avançada

Doutoramento em Filosofia
Para uma pedagogia do reconhecimento. Da concriação à prática vocativa
Joaquim António Pinto

Para uma pedagogia do reconhecimento. Da concriação à prática vocativa

  Orientação: Maria Teresa Gonçalves Santos & José Barrientos Rastrojo

Esta dissertação assume, na sua maior abrangência, a feitura de uma articulação entre a sustentação originária e constitutiva do ser humano, a manifestação concreta do sentido existencial do ato pedagógico e os seus modos de realização: dialógico, comunitário e humanista.

Neste sentido, a nossa proposta passa inicialmente por uma procura do sujeito através do alcance da pessoa, do homem do indivíduo (nas suas diversas vicissitudes), até à sua concretização numa consciência pedagógica precursora do agir, do conhecer, do sentir e, fundamentalmente, do ato de “Reconhecer”, este tipo, por nós, como o processo fundamentador e fomentador de uma Pedagogia do Reconhecimento . É um percurso inovador na medida em que parte de uma Antropologia Filosófica e de uma Antroposofia, passando pelos meandros processuais da consciência lonerganiana e da fenomenologia buberiana da relação, pretendendo promover, no seu culminar, uma ambiência cultural de pedagogia dialógica inserida num topos comunitário, pressuposta e implicitamente proposta numa Teoria do Reconhecimento , que se situa na geografia disciplinar da Filosofia da Educação, e nas “Dinâmicas das Relações Interpessoais”. Temos, pois, que o seu epílogo é o reconhecimento: como resultado radical e subtil manifestado na intersubjetividade.

A Pedagogia do Reconhecimento como concriação e ação vocativa está fundamentada num itinerário de estruturas idiossincráticas de sustentação do modo como “ser-aí” se faz (constrói e realiza). Partiremos da desaxialização do “Eu” tópico (anthropos ) para uma estrutura transversal dialógica. Entendemos que, afirmação buberiana que, só por si, derruba a clássica fronteira tópica e abre espaço à condição dialógica e essencial do fazer do ser humano. O papel do reconhecimento do “outro”, no homem, é um fenómeno de dialogicidade que abole as fronteiras dialéticas da pura argumentação e permite o brotar da reciprocidade.

Ao situarmos a Pedagogia como condição ontológica, entendemos que esta asseveração se concretiza verdadeiramente nos seus “estaminais” identitários, no sentido e no sentimento de pertença a uma comunidade. A ação e experiência pedagógica são um correlato entre o pedagogo e o “ascendente”, é um di-verso. A Pedagogia não se deve axializar e fomentar em referenciais tópicos, mas sim na relação diatópica, que declina num reconhecimento sustentado e num preenchimento substantivo recíproco: mútua validação ontológica, fomentadora da apropriação identitária de cada vivente humano.