Orientação: Maria Filomena Ferreira Mendes
O declínio da fecundidade tem vindo a ser amplamente estudado ao longo dasúltimas décadas, especialmente no quadro das teorias da Segunda TransiçãoDemográfica e da Individualização. No contexto destas teorias, desde 1960, umpouco por toda a Europa, assistimos à difusão e adoção de métodoscontraceptivos, o padrão de formação das famílias modificou-se e os casaispassaram a não estar tão motivados para ter mais do que um ou dois filhos,conduzindo a um contínuo e sustentado declínio da fecundidade. Em Portugal, afecundidade decresceu de tal forma que o país regista atualmente um dos níveismais baixos da Europa: aproximadamente um filho por mulher.Numa situação de baixa fecundidade, esta tese pretende compreenderqual o futuro da fecundidade em Portugal, avaliando se as gerações mais jovenspoderão (ou não) vir a ter um comportamento distinto das gerações que estão ater filhos hoje, quer em termos de desejos e intenções de fecundidade centradasno filho único, como em termos do número de filhos que esperam vir a ter aolongo dos seus percursos reprodutivos.Concluímos que os indivíduos menos jovens são mais propensos a desejare esperar ter apenas um filho, pois com o avançar da idade e face aos seusconstrangimentos tendem a baixar as suas expectativas. Entretanto, apesar dosmais jovens manifestarem intenções de fecundidade mais elevadas, estãotambém em maior risco de adiar a entrada na parentalidade, bem como delimitar o número de filhos face à ponderação entre benefícios e custos de ter(mais) filhos. Nesta conjuntura, se não se reunirem as condições necessáriaspara a decisão de ter um filho com algum nível de estabilidade, é espectável queem idades mais tardias as gerações mais jovens possam vir a ter ainda menosfilhos do que as gerações anteriores estão a ter atualmente.
Palavras chave:
filho único, motivações-desejos-intenções, adiamento,
fecundidade.