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Trimestral | Nº 02 - 2019
Formação Avançada

Doutoramento em Música e Musicologia
Os novos standards: Pianistas de jazz e o repertório pop-rock
Alexandre Diniz

Os novos standards: Pianistas de jazz  e o repertório pop-rock

Orientação:  Eduardo Lopes

Nas primeiras décadas, os músicos de jazz encararam as canções populares como uma fonte de bases para a improvisação. Essas canções, habitualmente apelidadas de standards, tinham a dupla vantagem de serem conhecidas pelas audiências e conterem estruturas assentes em fórmulas relativamente previsíveis para os músicos. No jazz actual, os músicos continuam a tocar muitas destas antigas canções. Nos anos 60, com a ascensão do pop-rock ao estatuto de música popular dominante, os músicos de jazz abandonaram quase totalmente a prática de adaptação de repertório popular, salvo algumas excepções. Este trabalho é sobre esses músicos que continuaram a observar as canções pop-rock pós-anos 60 como matéria válida para a sua prática de jazz. O foco centra-se em três estudos de caso sobre diferentes pianistas de jazz contemporâneos e as suas releituras de canções pop-rock. Trazer material pop-rock para o universo do jazz implica a existência de fronteiras. São aqui discutidas as diferentes definições de jazz e a colocação destas fronteiras, bem como o significado dos standards de jazz. Dadas as opiniões opostas acerca da colocação de fronteiras, e as confusões e contradições em torno dos diferentes significados de jazz enquanto género musical, torna-se relevante uma observação do jazz enquanto comunidade de pessoas envolvidas na sua criação, promoção e consumo. Nesta área, os aspectos sociais do jazz centram-se mais no reconhecimento da pessoa, da sua educação como músico, do seu auto-investimento em conhecer e tocar na tradição do jazz, na sua abordagem à música em geral e às canções pop-rock em particular, do que nas características musicais da adaptação em si. Mais significativo do que o reconhecimento de uma adaptação de uma canção pop-rock como jazz, torna-se o reconhecimento de alguém como um verdadeiro músico de jazz.