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Trimestral | Nº 04 - 2018
Formação Avançada

Programa de Doutoramento em Filosofia
Modernidade técnica, tecnociência e tecnicidade na economia
Antônio Nascimento

Modernidade técnica, tecnociência e tecnicidade na economia

Orientadora: Margarida Isaura Almeida Amoedo
A partir de uma interlocução com Heidegger, atinente à sua “filosofia da técnica”, o presente trabalho conduz uma investigação que procura fazer radicar a construção teórica da Economia Neoclássica no cunho da "essência não-técnica" da técnica moderna. Postula, pois, uma “tecnicidade” que envolve um esquadrinhamento do próprio caráter metafísico da techné moderna e seu modo infringente de desvelar a realidade. Por isto principia, comme il fault, por uma incursão na metafísica da subjetividade dos tempos modernos, dado que é aí que se consuma o projeto de objetivação científica da natureza e de exploração técnica do mundo, enquanto forma específica de vigência da totalidade do real.Como nenhuma outra, a Economia Neoclássica assimilou a representação metafísica subjacente aos fundamentos da ciência empírica moderna, e é nessa determinação quereproduz com fidelidade o pensar técnico fundante da relação objetivada do homem com o mundo da usabilidade desmedida.O pensamento representativo, que projeta a natureza como repositório exigível de matérias-primas imprescindíveis à exploração econômica contínua e ilimitada, respalda-se numa essência técnica prefixada do cogitar científico, ou seja, do saber –já como tal(tecno)científico– requisitado pela técnica para o seu próprio desencadeamento.Em meio a isso, é como cientificidade triunfante –possibilitada pela ancoragem num dado procedimento metodológico– que a economia do neoclassicismo emerge, mutatismutandis, na esteira da constituição da própria tecnociência; nasce, pois, de uma predisposição técnica para fazer de si mesma uma antropologia pragmática de processos maximizadores automáticos. O humano que lhe diz respeito, egocêntrico e maximizador, parece escolher o que quer, muito embora não possa querer o que escolhe, porque, conforme esclarecido pelo próprio Heidegger, esse homem não é o artífice autônomo e consciente da armação (Ge-stell).