Orientador: Duarte, Irene Filomena Borges
A habitação, a instituição, na época da técnica. Para uma poética da existência em Heidegger desenvolve como questão principal a relação entre a linguagem, o tempo e o ser, e as implicações dessa relação, nas suas diversas modalidades, na “instituição” ou “constituição” do ser-em-conjunto na época contemporânea – pensada por Heidegger como “época da técnica”. Duas articulações centrais estruturam a nossa tese. A primeira é aquela nomeada pelo autor de Ser e Tempo “habitação no falar da palavra” (« Wohnen im Sprechen der Sprache »), que liga o questionamento sobre o ser do ser humano, sobre o ser da linguagem, e sobre o ser do ser – neste último questionamento articulando-se a compreensão do tempo e do espaço na sua relação própria . Dessa interrogação sobre a “entre-pertença” (« Zugehörigkeit ») ligando, através da linguagem, o ser humano e o ser, desprende-se a sobre o ser da comunidade política, que implica centralmente – através do problema do laço entre passado, presente e futuro – a questão genealógica da relação entre os sexos e as gerações. Esta segunda interrogação fornece à nossa investigação a sua segunda articulação central, a da “instituição” (“Stiftung”) do ser (ou da vida), colocando a questão da lei e do interdito, e mediante ela, a da universalidade. Se o horizonte da nossa investigação sobre o ser da comunidade política é o da comunidade política democrática – vigorando, na sua possibilidade própria, na dimensão “agonística” e “polémica” da palavra -, ele encontra o seu desenvolvimento, indissociavelmente, através da interrogação sobre o ser da comunidade política totalitária, tomando como referência a este respeito o totalitarismo nazi.