Orientação: Laurinda Abreu & Patrice Bourdelais (EHESS)
O fenómeno dos desastres naturais é um dos maiores problemas enfrentados pelos governos e pelos actores humanitários devido às consequências e efeitos sobre as populações vulneráveis. Na China, os desastres naturais são bastante heterógenos, e têm consequências dramáticas a nível nacional. No contexto de uma sociedade civil em desenvolvimento, enquadrada por um controlo governamental, as ONGs internacionais estão constantemente a estabelecer relações entre elas próprias e outros agentes, formando redes interorganizacionais que estão muito pouco estudadas. Este é, precisamente, o nosso objecto de trabalho, no período de 2012 – 2013, no campo da assistência aos desastres naturais na China. Usamos um método misto de análise de redes (através dos relátorios on-line) e entrevistas em profundidade para estudar a colaboração dos agentes humanitários e os seus padrões de actuação.
Entre as nossas principais conclusões, destaca-se uma baixa densidade de ligações das duas primeiras redes completas obtidas. A extensão a outros atores aumenta a complexidade da rede em que destacam, em termos de proeminência, agentes do governo da China e de Hong Kong. Em relação à proeminência do grupo central, três das organizações da Cruz Vermelha presentam os melhores resultados, sendo também muito elevados os valores de homofilia por tipo neste grupo. As ONGs religiosas também mostram medidas elevadas de homofilia. As entrevistas iluminaram as relações de comunicação e basadas em criação de capacidades que muitas vezes não são incluídas nos relatórios. O posicionamento em relação às organizações quase-governamentais e governamentais difere dependendo da forma de entender a ajuda humanitária e do perfil da organização. O processo de mudança no registro e regulamentação geram espectativas quanto ao futuro, embora também se encontrasse um caso de preocupação. Finalmente, a localização de organizações revela várias estratégias associadas ao registo, estabilidade e doações.
Palavras-chave: ONGs internacionais, análise de redes, desastres naturais, China, métodos mistos, exploraçao