Orientação: João Manuel Mimoso & António Estevão Candeias & Paulo Simões Rodrigues
O uso ininterrupto do azulejo em Portugal durante mais de cinco séculos estabeleceu um gosto nacional e definiu um entendimento deste tipo de revestimento sem paralelo noutros países. Esta herança cultural única é contudo frágil e sujeita a um decaimento contínuo. Muitos casos de degradação estão associados a eflorescências que são comummente apontadas como responsáveis. Mas a sua presença não é constante e pode ser circunstancial. Foram reflexões deste tipo que conduziram à investigação cujos resultados agora se apresentam.
A compreensão das causas da degradação e do papel dos seus agentes requer um conhecimento de base das matérias-primas e das técnicas da sua transformação, o que conduziu a incluir no presente trabalho um levantamento dos antigos processos de fabricação dos azulejos, desde finais do séc. XVI até ao século XIX.
Para a sistematização das formas de degradação in situ, correlacionando-as, quando possível, com a ocorrência de eflorescências, foram inspecionados 31 imóveis azulejados, distribuídos pelo território continental português.
As eflorescências resultam da secagem dos corpos cerâmicos dos azulejos molhados por soluções provenientes dos suportes. A avaliação da perigosidade de diversas dessas possíveis soluções foi feita através de ensaios de envelhecimento acelerado que pretenderam simular em laboratório condições que podem ter ocorrido em obra, com o objetivo de tentar reproduzir a degradação física encontrada, correlacionando-a com uma agressão que a possa ter causado.
Para a parte experimental foram utilizados azulejos portugueses dos séculos XVII ao XIX, alguns dos quais com fragilidades iniciais constituídas por defeitos de fabricação ou por degradações anteriores. Conseguiu-se reproduzir, quer fases iniciais de degradação, quer o aprofundamento de estados patológicos já existentes. Em particular obteve-se experimentalmente, cremos que pela primeira vez, o destacamento do vidrado sem material cerâmico aderente provando-se que, pelo menos nalguns casos, resulta de um ataque alcalino à interface entre o vidrado e a chacota.
Palavras-chave: Azulejo histórico; degradação de azulejos.
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Tese apresentada à Universidade de Évora para obtenção do Grau de Doutor em História de Arte, Programa Doutoral Rede HERITAS - Estudo de Património